Tropeçando no anão

Sei que não é politicamente correto tocar no assunto, mas foi sem querer! Ninguém tropeça de propósito, ainda mais em um anão... como prometi para vocês, vou  explicar direito o que aconteceu:

Era véspera de início das aulas,papelarias cheias de mães desesperadas com seus filhos tentando escolher a melhor mochila da Polly ou a lancheira do Ben 10 mais legal. 

"As mãe pira" com o início das aulas. É tanta coisa para arrumar,preparar, programar, que depois de instalar cada filho em sua devida sala de aula, só queremos alguns dias para superar a TPVA: tensão pré volta as aulas.

 Entre tantas mães estressadas, lá estava eu  em uma papelaria do setor gráfico,atrás de dezenas de folhas de papel colorido, cartolinas, tubos de cola e etc... e claro: com meus dois filhotes, um sentado no carrinho de compras e a outra reclamando que nenhuma mochila era mesmo legal, exceto aquela de 300 e tantos reais que eu não ia comprar de jeito algum! 

As reclamações foram piorando a ponto de uma vendedora se preocupar com minha sanidade mental e avisar que no subsolo haviam outras mochilas na promoção. Tudo bem, eu iria lá embaixo,mas é ruim que eu ia deixar todos aqueles itens que eu já havia escolhido no carrinho, para que outra mãe  pegasse e eu tivesse que começar tudo de novo!

Juntei tudo que podia carregar,dei outras coisas para minha filha levar, peguei o filhote como pude e comecei  a descer as escadas.

 Foi nessa hora que o anão cruzou o meu caminho: ele subia a escada e eu descia, sem ver nada,muito menos um homenzinho tão pequeno. 

Só senti uma coisa batendo na altura da minha  virilha e PLAFT! Derrubei tudo que eu estava segurando. Me agarrei no corrimão para não cair, uma sandália voou longe e  por pouco não derrubo meu filhote também. 

Por um minuto não entendi o que havia acontecido até olhar para baixo: um anão estava lá,caído no pé da escada, tentando se levantar sacudindo aquelas perninhas minúsculas...

 Um garoto que vinha atrás achou tudo um barato e gritou,chamando a atenção de todos que ainda não tinham percebido:

- Olha mãe, aquela mulher tropeçou no anão!

Eu não sabia se levantava o anão, se pegava as compras do chão, se ia atrás da minha sandália...

Felizmente um funcionário chegou para ajudar o anão, que muito educado,ainda me pediu desculpas! Disse que não havia me visto.Acho que ele também estava carregando muita coisa.

Peguei outro carrinho, coloquei as compras que consegui salvar, catei minha sandália e os filhos e tentei ir atrás da bendita mochila sem demonstrar a vergonha  que eu estava sentindo!

Decidi que ia dar um tempo ali embaixo.Não queria olhar para ele de novo, estava muito constrangida. 

Foi aí que vi o óbvio: A papelaria tinha elevador! Eu não precisava ter passado por aquele constragimento! 

Na volta as aulas, quando a professora fez a tradicional rodinha para perguntar como havia sido as férias dos alunos e pedir que fizessem um desenho a respeito, minha filhota tinha uma novidade para contar: 

- Minha mãe derrubou um anão da escada!

Não foi por causa do ocorrido, mas agora aprendi a lição e não passo mais por esse stress: compro material escolar na primeira semana de janeiro e não vou mais naquela papelaria. Em Taguatinga é mais barato, dá para escolher melhor e (tá bom, eu admito) as chances de esbarrar no tal anão são menores!